
O Brasil registra anualmente cerca de 40 mil casos de amputação por motivos de acidente ou doença.
O Sistema Único de Saúde (SUS), por sua vez, não consegue atender a demanda da população, pois a maioria das próteses robóticas são importadas e caras. Com foco nessa realidade, um grupo interdisciplinar formado por alunos dos cursos de Medicina, Computação, Engenharia e de Telecomunicações da Universidade Federal Fluminense (UFF) se reuniu e criou o Projeto da Rede Acadêmica de Cibernética e Humanidades (Reach), com a finalidade de desenvolver próteses de baixo custo.
De acordo com o coordenador do Núcleo de Estudos de Tecnologias Avançadas (NETAv), Prof. Dr. Ricardo Campanha Carrano, a preocupação com a causa social, em especial com os pacientes amputados atendidos pelo SUS, mobilizou alunos e professores a participarem do trabalho. Para facilitar essa integração, foi criado um grupo no aplicativo WhatsApp chamado de “Reach – Nave Mãe”, com 63 participantes. São cinquenta alunos envolvidos, sendo dez de maneira mais ativa, dez professores de diversas unidades da UFF, além de pessoas que ajudam o projeto e que não têm vínculo com a universidade. “Todo o design de logomarcas e banners, por exemplo, foi elaborado voluntariamente pela jornalista Erika France, formada pela UFF. Ela cedeu seu tempo, por acreditar na causa”, destaca.
Segundo ele, o Projeto Reach, que completará um ano em junho, é uma iniciativa exclusivamente de alunos. O grupo empreendedor bateu de porta em porta nos laboratórios e departamentos, angariando apoio. A iniciativa fez com que muitos professores se prontificassem a ajudar, orientando alunos, apresentando a outros parceiros, dentro e fora da UFF. “O professor da Engenharia de Telecomunicações, Dr. João Marcos Meirelles, e o pesquisador do Laboratório MidiaCom, Dr. Flávio Seixas, são exemplos de docentes que se dispuseram a ajudar e hoje são peças chave na iniciativa”, ressalta.
Parceria
Os protótipos das mãos estão sendo montados no Laboratório de Telemetria e Telecontrole (LaTelCo), vinculado ao Departamento de Engenharia de Telecomunicações. Em um segundo passo, a mão robótica será destinada a pacientes amputados do SUS. Nesse sentido, a equipe está buscando firmar uma parceria com a Associação Fluminense de Reabilitação (AFR). “Há um ciclo a ser vencido, até que tenhamos confiança na maturidade do produto. E claro que ser ofertado pelo SUS é o nosso grande objetivo”, afirma Robinson Júnior.
Já de acordo com o professor Ricardo Carrano, a ideia é que a mão robótica seja patenteada, produzida em escala industrial e oferecida gratuitamente ao público. Para isso, as patentes do projeto eventualmente geradas serão da universidade, até como forma de proteger a propriedade intelectual e seu objetivo social. “Ainda não vivenciamos a fase de buscar empresas para a produção da mão. Estamos nas etapas iniciais do projeto, testando conceitos e técnicas”, esclarece o pesquisador.
Contudo, os recursos dos projetos e inventos da UFF, segundo o professor, poderão retornar à universidade na forma de patentes que gerarão royalties, isso quando há interesse comercial pelo licenciamento da tecnologia desenvolvida. No entanto, o grande retorno para a universidade, que advêm do Reach, é a inserção dos alunos em projetos transdisciplinares que conciliam os objetivos primeiros e nobres de uma instituição pública: o ensino, a pesquisa e a extensão. “É a UFF cumprindo seu papel na sociedade, que é a grande beneficiária do projeto”, conclui.
Fonte: página da UFF.