Transplante de medula óssea na idade pediátrica: microbiota influencia aparecimento de complicações
Microbiota intestinal de crianças submetidas à cirurgia tem características relacionadas ao resultado da terapia
A microbiota intestinal – o conjunto de microrganismos simbióticos que habitam o intestino humano – desempenha um papel decisivo na decisão do pós-transplante de medula óssea em pacientes pediátricos. Isto é sugerido por dois estudos coordenados por pesquisadores da Policlínica de Sant’Orsola e da Universidade de Bolonha, na Itália.
Os pesquisadores observaram que crianças que desenvolvem complicações pós-transplante têm uma microbiota mais rica em bactérias resistentes a antibióticos. A descoberta abre caminho para o uso futuro da microbiota como uma ferramenta para reconhecer antecipadamente os pacientes com maior risco de desenvolver complicações e, portanto, para estudar terapias personalizadas e profilaxia.
Perigo de rejeição
O transplante de medula óssea permite a transfusão de células-tronco hematopoiéticas, ou células-tronco que dão origem a todos os diferentes tipos de células presentes no sangue. É um procedimento usado para tratar muitas doenças do sistema imunológico e do sangue, como a leucemia.
Como com todos os transplantes, no entanto, o risco de desenvolver complicações não está ausente. Em particular, o transplante de medula óssea pode desencadear a Doença do Enxerto Contra Hospedeiro (GVHD): uma reação com uma taxa de mortalidade significativa, que pode ser particularmente perigosa para pacientes pediátricos.
Aumento de resistência
Para analisar a relação entre microbiota e resistência a antibióticos, os pesquisadores realizaram uma análise em pacientes pediátricos com foco no conjunto de todos os genes envolvidos no desenvolvimento da resistência a antibióticos presentes no genoma das bactérias que ficam instaladas no intestino.
O estudo – publicado na revista Scientific Reports – envolveu oito crianças internadas no Centro de Oncologia e Hematologia Pediátrica da Policlínica de Sant’Orsola, metade das quais desenvolveu GVHD após o transplante de medula óssea. Usando técnicas massivas de sequenciamento de DNA, os pesquisadores apontaram que, imediatamente após o transplante, tanto a resistência aos antibióticos já ativos quanto a aquisição de novas resistências estavam ocorrendo na microbiota intestinal dos pacientes.
Terapia personalizada
Um segundo estudo também foi realizado para confirmar a conexão entre a microbiota intestinal e a probabilidade de desenvolver GVHD após o transplante de medula óssea, envolvendo vários centros de transplantes italianos:o Hospital Bambino Gesù em Roma, o Hospital de Verona, o Policlinico San Matteo de Pavia e o Policlinico di Sant’Orsola, em Bolonha.
Os resultados – publicados na revista científica BMC Medical Genomics – mostraram as variações na composição da microbiota de 36 crianças antes e depois do transplante. E mesmo nesse caso, o papel da população bacteriana intestinal emerge claramente: os pacientes que acabam desenvolvendo GVHD já apresentavam uma microbiota alterada, com biodiversidade reduzida e uma abundância maior de bactérias específicas ligadas ao desenvolvimento de inflamação, antes mesmo do transplante.
Acesse a notícia completa na página da Revista UniBo, da Universidade de Bolonha (em italiano).
Fonte: Tech4Health
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